A partir do estudo dos Estádios do Desenvolvimento percebi que a grande maioria de meus alunos do 4º ano estão no estádio operatório concreto (dos 8 aos 11/12 anos), mas também tenho alguns alunos que teriam idade para estarem no estádio operatório formal, mas após observá-los percebi que a idade nem sempre coincide com o desenvolvimento cognitivo do aluno.
Percebi que as crianças nesta fase são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva.
Eles já têm capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades concretas, que não exigem abstração. Durante este estágio, a criança adquire o esquema das operações como a soma, a subtração, a multiplicação, a ordenação serial e é justamente neste estádio que trabalhamos com estas operações em sala de aula, mas percebo que ainda apresenta dificuldade em operar com princípios abstratos quando eles estão ligados a objetos específicos.
Também ocorre o aperfeiçoamento dos conceitos de causalidade, tempo, espaço, velocidade, mas ainda não alcança o nível mais elevado das operações lógicas.
A criança neste estágio é capaz de superar a mudança imediata, visível e considerar a relação lógica envolvida, ou seja, adquiriu o esquema da conservação e constância dos objetos. Torna-se menos egocêntrica e a fala é empregada com o fim básico da comunicação.
Essas características são muito evidentes em meus alunos, mas nem todos estão exatamente no mesmo nível, ou seja, alguns ainda têm algumas características do estádio anterior e outros já mostram a transição para o estágio seguinte.
Neste estádio a criança começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações. Assim conseguimos compreender melhor o porquê de muitas das dificuldades de nossos alunos, proporcionando atividades que estejam de acordo com seu desenvolvimento.
Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor transforma-se numa espécia de técnico do time de futebol, perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ensinando... aí não está havendo uma escola piagetiana! (Lima, 1980, p. 131).