quinta-feira, 26 de março de 2009

Vale a pena ler...

Estou participando de uma Formação Continuada em Estudos Iniciais em Psicopedagogia na Feevale e na primeira aula lemos e debatemos um texto que me emocionou...

Gostaria de compartilhar com vocês este texto, pois ele nos dá uma grande lição de vida e nos faz pensar muito sobre as possibilidades de inclusão.



O dia em que finalmente chorei




Eu não chorei quando soube que era mãe de uma criança mentalmente limitada. Apenas me sentei e não disse qualquer coisa quando meu marido e eu fomos informados que Kristi era - como suspeitávamos – deficiente mental.
- Vá em frente e chore. - O médico aconselhou amavelmente - Ajuda a prevenir sérias dificuldades emocionais.
Apesar das sérias dificuldades, eu não chorei nem durante os meses que se seguiram.
Quando Kristi estava com idade para ir à escola, sete anos, nós a matriculamos no jardim de infância da escola de nossa vizinhança. Eu poderia ter chorado no dia em que a deixei naquela sala cheia de seguras, ansiosas e espertas crianças de cinco anos.
Kristi passava horas e horas brincando sozinha, mas naquele momento, quando era a criança "diferente" entre outras vinte, estava provavelmente mais solitária do que nunca.
Entretanto, coisas positivas começaram a acontecer para Kristi em sua escola, e para seus coleguinhas, também.
Quando se gabavam de suas próprias realizações, os coleguinhas de Kristi sempre tinham prazer de elogia- la também:
- Kristi conseguiu soletrar direito todas as suas palavras hoje.
No segundo ano de Kristi na escola, enfrentou uma experiência traumática. Uma apresentação pública, finalizando o ano, que tinha uma apresentação musical e uma competição de atividades físicas. Kristi estava muito atrás em ambos, música e coordenação motora.
No dia da apresentação, Kristi fingiu estar doente. Desesperadamente eu quis mantê- la em c asa. Por que deixar Kristi falhar em um ginásio cheio de pais, de estudantes e professores? Que simples solução seria apenas deixar minha criança em casa. Certamente faltar a uma apresentação não podia importar.
Mas minha consciência não me deixava sair desta situação assim tão facilmente. Então, eu praticamente enfiei uma pálida e relutante Kristi dentro do ônibus escolar e eu mesma é que passei a estar doente. Mas como eu havia forçado minha filha a ir à escola, agora eu me forçava a ir à tal apresentação.
Parecia que nunca chegava a hora do grupo de Kristi se apresentar. Quando finalmente vieram, eu descobri porque Kristi estava preocupada.
Sua turma foi dividida em equipes. Com suas reações débeis, lentas e desajeitadas, certamente atrasaria a sua equipe.
O desempenho foi surpreendentemente bom, até que chegou a hora da corrida de sacos. Agora cada criança tinha que entrar em um saco, ir pulando dentro do saco até uma linha, voltar e sair do saco.
Eu observei Kristi parada atrás de sua equipe, olhando nervosa. Mas quando chegou a vez de Kristi, o menino mais alto da turma foi para trás de Kristi e colocou suas mãos em sua cintura. Outros dois meninos se abaixaram ao seu lado. Então, o menino mais alto levantou Kristi e os outros dois ajeitaram o saco.
Uma menina segurou a mão de Kristi e a apoiou até que Kristi ganhasse equilíbrio. E então, ela foi pulando, sorrindo e orgulhosa. Diante da torcida, do apoio e do entusiasmo dos professores, dos estudantes e dos pais, eu agradeci à Deus por aquelas pessoas amáveis e compreensivas que tornaram possível que minha inabilitada filha fosse um ser humano como seus companheiros.
Então, finalmente eu chorei.




(texto de Meg Hill T radução de SergioBarros)

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