domingo, 31 de maio de 2009

Garantia de Direitos


Nos dias 27 e 28 de maio participei da 74ª Plenária do Fórum Permanente da Política Pública Estadual para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades no RS.
Assim como já trabalhamos na interdisciplina de Necessidades Especiais, também tivemos a oportunidade de aprender mais sobre a garantia dos direitos de cada cidadão, portador ou não de alguma deficiência e percebi, com isso, a grande importância de nós cidadãos e professores de sabermos a que temos direito, tentando, com isso, entender um pouco mais de nossa sociedade e dos problemas que nossas famílias e as famílias de nossos alunos estão submetidas. Esses fóruns existem para criar uma força política para cobrar tais direitos.
Os seres humanos por si só não sentem (ou percebem) a necessidade de todos serem tratados com igualdade, por isso há necessidade do estado criar leis que diminuam as diferenças entre as pessoas, ou seja, as leis existem para que as diferenças entre negros, índios, brancos, pessoas com deficiência, mulheres sejam menores. Há necessidade de leis que garantam o acesso aos mais excluídos, mais desfavorecidos, pois nossa sociedade é historicamente excludente e preconceituosa. Mas o maior problema que vejo não é a falta de leis. As leis existem e atenderiam ao direito de todos se não fosse o descumprimento destas, infelizmente. Toda administração pública, antes de mais nada, deveria zelar pelo cumprimento dos direitos humanos!!

sábado, 23 de maio de 2009

Alunos com necessidades especiais

A partir dos estudos realizados na Interdisciplina de Necessidades Educacionais Especiais, temos aprendido muito sobre os alunos com necessidades especiais, e eu acredito que alunos com dificuldades de aprendizagem também devem ser visto com alguma necessidade especial, pois geralmente por trás desta dificuldade há uma série de questões emocionais, familiares e sociais não resolvidas.
Quando falamos em inclusão não podemos esquecer que um aluno com necessidade especial será inserido dentro de uma turma regular. A turma não pode parar de evoluir em função deste aluno, mas este aluno também não acompanhará o ritmo da turma, pois o seu ritmo é diferente.
Uma coisa que sempre me deixa com muitos questionamentos... dar a esse aluno atividades diferenciadas, dentro de suas limitações, ou proporcionar a ele as mesmas atividades do restante da turma, mas adaptada ao seu limite físico, quando forem deficiências físicas. Mas se a necessidade especial for de alguma dificuldade de aprendizagem ou deficiência mental, seria recomendado dar a esse aluno a mesma atividade dada ao restante da turma, mas como um apoio maior e talvez com um grau de exigência menor.
Já tive e tenho alunos com dificuldade de aprendizagem, por fatores familiares, sociais, psicológicos... e já tentei fazer as duas coisas: dar atividades diferenciadas e dar as mesmas atividades do restante da turma. Há alunos que aceitam tranquilamente realizar atividades dentro de sua necessidade e diferente do restante da turma, já outros não gostam e se sentem excluídos, pois os colegas sempre questionam as atividades diferentes. Geralmente faço um pouco de cada. Às vezes trabalho as mesmas atividades com material de apoio, mas em seguida dou uma mais específica para o nível dele. Não sei se estou fazendo o certo. Às vezes dá super certo, mas há dias que volto para casa frustrada por ter conseguido avançar tão pouco.
O ideal seria conseguir fazer conforme o vídeo Atendimento Educacional Especializado – Deficiência mental, que mostra uma proposta de trabalho que parte dos próprios alunos, na qual eles definem o que será estudado. Não há planejamento das aulas, pois não se sabe o que partirá dos alunos. Acredito que quando se trabalha com Atendimento Especializado isso seja o mais indicado, no entanto, dentro de uma sala regular, com conteúdos a serem desenvolvidos, não acho muito viável. Precisamos organizar as aulas de forma que todos os conteúdos da série sejam trabalhados e precisamos fazer com o que o aluno de inclusão consiga evoluir dentro de suas limitações, mas sem defasar o restante da turma...
É possível, mas não é fácil.
Precisamos reconhecer as diferenças como desafios positivos.

domingo, 17 de maio de 2009

Estádio Operatório Concreto

A partir do estudo dos Estádios do Desenvolvimento percebi que a grande maioria de meus alunos do 4º ano estão no estádio operatório concreto (dos 8 aos 11/12 anos), mas também tenho alguns alunos que teriam idade para estarem no estádio operatório formal, mas após observá-los percebi que a idade nem sempre coincide com o desenvolvimento cognitivo do aluno.
Percebi que as crianças nesta fase são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva.
Eles já têm capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades concretas, que não exigem abstração. Durante este estágio, a criança adquire o esquema das operações como a soma, a subtração, a multiplicação, a ordenação serial e é justamente neste estádio que trabalhamos com estas operações em sala de aula, mas percebo que ainda apresenta dificuldade em operar com princípios abstratos quando eles estão ligados a objetos específicos.
Também ocorre o aperfeiçoamento dos conceitos de causalidade, tempo, espaço, velocidade, mas ainda não alcança o nível mais elevado das operações lógicas.
A criança neste estágio é capaz de superar a mudança imediata, visível e considerar a relação lógica envolvida, ou seja, adquiriu o esquema da conservação e constância dos objetos. Torna-se menos egocêntrica e a fala é empregada com o fim básico da comunicação.
Essas características são muito evidentes em meus alunos, mas nem todos estão exatamente no mesmo nível, ou seja, alguns ainda têm algumas características do estádio anterior e outros já mostram a transição para o estágio seguinte.
Neste estádio a criança começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações. Assim conseguimos compreender melhor o porquê de muitas das dificuldades de nossos alunos, proporcionando atividades que estejam de acordo com seu desenvolvimento.

Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor transforma-se numa espécia de técnico do time de futebol, perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ensinando... aí não está havendo uma escola piagetiana! (Lima, 1980, p. 131).

Afro-descendentes no Brasil


No enfoque III da Interdisciplina de Questões Étnico-Raciais, trabalhamos com a história e cultura dos afro-descendentes no Brasil. Para compreender a auto imagem, a identidade étnica e a auto-estima de nossos alunos realizamos entrevistas com alunos afro-descendentes. A proposta era perguntar como eles se sentiam como alunos negros na escola, mas fiquei com um pouco de receio de fazer a pergunta diretamente às crianças, pois percebi na atividade com o mosaico que eles não se auto-identificam como negros, até falam que seus avós ou pais são negros, mas eles são morenos ou bugres. Então já lembrei de um caso, há alguns anos atrás, em que uma colega professora quase foi denunciada por racismo por ter dito que a criança era negra e não morena e a criança chegou em casa dizendo que a professora tinha o chamado de negro, como se isso fosse uma coisa feia.
Devido a isso, para iniciar a entrevista, preferi não fazer a pergunta diretamente, mas perguntar qual era a sua cor, assim poderia sentir qual era a postura do aluno entrevistado frente a sua auto imagem. Percebo que quando as crianças são pequenas não sentem a discriminação, ou melhor, não têm consciência do motivo dos colegas não brincarem com eles, de ficarem sozinhos no recreio, de ficarem sem duplas, de alguns não gostarem dele. Alguns até justificam a discriminação por serem pobres, mas não por serem negros, isso mostra que ainda há uma consciência enraizada no período histórico em que ser negro é ser inferior, por isso preferem não se ver como negros por medo da rejeição, preferem não assumir a sua identidade étnica, até mesmo por que em nossa escola há poucos alunos negros, em sua grande maioria são pardos, então é mais fácil se sentir igual ao seu grupo.
Neste campo, não será demais lembrar que apenas a educação pode mudar valores, contribuindo para a valorização da diversidade e a construção de um senso de respeito recíproco entre os grupos que formam esta rica mistura de identidades culturais chamada Brasil.

domingo, 10 de maio de 2009

Método Clínico


Na Interdisciplina de Psicologia vimos algumas características dos estádios do desenvolvimento propostos por Piaget. Trabalhamos com os conceitos de aprendizagem, desenvolvimento e estádios a partir da utilização da metodologia desenvolvida por Piaget, conhecida como método clínico piagetiano.
Para a realização da atividade 6 realizamos o método com uma aluna que já sabíamos da sua grande dificuldade de aprendizagem, a escolhemos propositalmente para a realização do método, pois gostaríamos de compreender melhor suas dificuldades e poder ajudá-la. Constatamos que esta aluna, apesar de ter 10 anos, ainda tem muitas características do estádio pré-operatório, pois percebemos que muitas vezes ela respondia intuitivamente e ainda não tem a noção da conservação do número. Devido à mudança da forma, mudança da configuração perceptiva, ela pensava que a quantidade também tinha mudado.
Quando constatamos que contava as duas colunas, chegava ao total de fichas em cada uma delas, mas não sabia responder se havia a mesma quantidade, percebemos que ela ainda não adquiriu um pensamento lógico, com capacidade para fazer operações mentais. Ela não percebia que as peças só estavam em uma posição diferente, mas não alterava a quantidade, o que permite concluir que ela criança ainda não possui um raciocínio lógico reversível.
Suspeitamos que talvez seja um caso de inibição cognitiva, como nos explica a Psicopedagogia. Neste caso há uma retração intelectual e um empobrecimento de idéias, ocorrendo, em grande parte àquelas crianças que não receberam estímulos quando ainda bebes ou nos primeiros anos de vida, pois bem sabemos que a criança, à medida que evolui vai-se ajustando à realidade circundante, e superando de modo cada vez mais eficaz, as múltiplas situações com que se confronta, mas se essa criança não recebe estímulos do meio, seu desenvolvimento cognitivo fica prejudicado ou aquém ao de uma criança estimulada desde o nascimento. A mudança dos estádios ocorre devido aos ajustamentos da criança ao meio e que se vão manifestando ao longo do seu desenvolvimento.
Segundo Jean Piaget, a criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e com as pessoas, por isso acreditamos que a aluna C ainda não ultrapassou totalmente o estádio pré-operatório, pois recebeu (ou recebe) poucos estímulos do meio. Como as concepções infantis combinam-se às informações recebidas do meio, o conhecimento é concebido como resultado de uma interação, ficando limitado quando o sujeito não é um elemento ativo no meio em que vive.